FOTO: ROBERTO MANCUZO JR.
TEXTO: JÉSSICA SOARES
São 300 anos de histórias de devoção e de milagres com a intercessão de Nossa Senhora Aparecida. O primeiro deles, em 1717, testemunhado pelos pescadores no Rio Paraíba, que, após várias tentativas sem sucesso, lançaram suas redes e recolheram primeiro o corpo, depois a cabeça da imagem de Nossa Senhora, e partir daí, as redes voltavam da água repletas de peixes.
Ao longo dos anos, o número de devotos só aumentou. No próximo dia 1º de maio, muitos deles estarão juntos para mais uma edição do Caminhando Com Maria. Os fiéis irão se reunir às 16h, em frente à Catedral São Sebastião, e seguirão até o Parque do Povo, em uma caminhada cheia de fé e devoção.
E entre as muitas histórias e testemunhos de milagres que acompanham as pessoas que participam do evento, está a de Meire Aparecida Teixeira, de 45 anos. Sua devoção começou ainda na infância, já que sua mãe tinha uma imagem de Nossa Senhora no quarto e assim desde cedo aprendeu a fazer orações à Maria. Ela conta que o maior milagre em sua vida foi no ano de 2006, quando teve uma profunda experiência com Nossa Senhora.
Em 2005, Meire passou por uma cirurgia no colo do útero, e sendo já mãe de três filhos, acreditava que não poderia mais ficar grávida. Mas em janeiro de 2006, após sentir algumas dores e voltar ao médico, veio a surpresa: estava grávida de seu quatro filho, Rafael. A gestação de alto risco chegou ao oitavo mês, quando após uma hemorragia intensa foi realizada a cesariana e ela deu à luz. E foi aí que Meire iniciou uma luta que conseguiu vencer com a intercessão de Maria.
Após o nascimento de Rafael, Meire começou a sentir fortes dores na barriga, e constatou-se dias depois que seu intestino havia se rompido em uma parte. “Segundo os médicos, a chance que eu tinha de viver era a mesma de uma pessoa que ganha na loteria, ou seja, muito pouco”, conta.
Foi realizada a cirurgia do intestino, e ela foi levada para UTI, onde passou dias entre a vida e morte. “Nesse tempo, eu pedia à Nossa Senhora, para que ela intercedesse por mim”. Meire conta que contraiu pneumonia nesse período, e em uma noite, os médicos disseram que se não houvesse melhora, teria que induzi-la ao coma. Nessa mesma noite, a devota pediu para que Nossa Senhora lhe desse um sinal, para renovar suas esperanças. “Foi quando o milagre aconteceu. Eu vi um manto azul, enorme e brilhante, vindo em minha direção, como se estivesse flutuando no ar, veio subindo pelos pés. O manto foi passando e, onde ele passava, sentia refrigerar todos os órgãos”. Ela conta que esse foi o sinal que Deus, através de Nossa Senhora, estava dando. Era a força para o início de uma vida nova.
Depois disso, ainda foram mais alguns dias de UTI e de hospital, sendo cerca de 40 dias de muita luta, mas também de uma recuperação que foi acontecendo aos poucos. Para Meire, 18 de setembro de 2006 foi o dia do seu renascimento. “Tenho que sempre agradecer a Deus e à Nossa Senhora, por ela, como mãe, ter intercedido e estar sempre comigo, não só naquele momento, mas em todos os momentos da minha vida. Eu devo minha vida a Nossa Senhora”.
NOS PASSOS DE MARIA
Já Cleusa Fortes de Oliveira Andrade, de 53 anos, foi visitada por Nossa Senhora ao passar pela enfermidade de um câncer de mama, em 1999. Ela conta que, na época, havia um grupo de pessoas da comunidade que visitava àas famílias e rezavam por elas.
Após passar por uma cirurgia de mastectomia, com três filhos pequenos, sendo que a mais nova com apenas cinco meses, e um longo tratamento e recuperação pela frente, Cleusa recebeu a ajuda do grupo sem nem ao menos conhecê-los. “Essas pessoas entraram no meu lar, como Nossa Senhora visitando a prima Isabel. Lavavam minha roupa, faziam o meu alimento, matricularam meus filhos na catequese, e ali eu vi a presença de Nossa Senhora”. Foram essas pessoas, inclusive, que a ensinaram a fazer a oração do Santo Terço. “Nossa Senhora me ensinou a ficar aos pés da cruz sem murmurar. Eu aprendi que ali havia um propósito de Deus”.
Ao longo desses 18 anos, apareceram mais metástases do câncer. Hoje, Cleusa passa pelo tratamento de uma metástase nos ossos, descoberta em junho de 2016. Mas ela acredita existir um plano maior de Deus, e que conhecer o amor de Nossa Senhora foi um marco em sua vida. “Foi um divisor de águas. Existe uma Cleusa de antes de conhecer a virgem Maria, e a Cleusa que hoje a conhece”, ressalta.
Hoje, a oração do terço é muito presente em sua vida. “Toda vez que eu pego o terço, eu sinto que a primeira pessoa que senta ao meu lado, é a Virgem Maria. Eu nunca rezo o terço sozinha”, conta. Cleusa faz parte de um grupo chamado “Nos passos de Maria”, que visita a casa de pessoas que passam por alguma dificuldade ou enfermidade e rezam o terço junto com essas famílias.
“Nos passos de Maria” conta com cerca de 40 pessoas, que todas as quintas-feiras cumprem a missão de visitar famílias que necessitem de oração. Com membros de diversas paróquias e bairros de cidade, o grupo existe há seis anos e hoje tem hoje dimensão diocesana, fazendo visitas também a instituições da cidade. “Tudo o que a gente pede pra mãe, o filho atende. Então é muito importante levar para mais irmãos esse amor”, completa Cleusa.
FOTOS: JÉSSICA SOARES
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